Símbolo de vínculo, afeto e aceitação, o encontro entre bocas apaixonadas é levado a sério
pela ciência. Descubra o que ele representa para o corpo e por que eleva tanto o bem estar.
por Pedro Belo design Nicole Partos Ilustração Yan Sorg
Um só minuto de beijo e, no entanto, quantos segundos de espanto! A frase é de Vinicius de Moraes, mas a sensação descrita é compartilhada pela maioria das pessoas. Será possível explicar racionalmente o que um gesto tão instintivo provoca dentro do organismo? Vale a pena ouvir o que os especialistas têm a dizer.
“O beijo é um ato
que faz o indivíduo se lembrar inconscientemente da amamentação, um período de
entrega total. Por isso, traz conforto e confiança”, avalia o ginecologista e
sexólogo carioca Amaury Mendes Júnior. Para a psiquiatra Carmita Abdo, da
Universidade de São Paulo, ele faz parte de uma espécie de iniciação no mundo.
“A boca é o principal órgão da comunicação e aprendemos desde cedo a demonstrar
afeto por meio do beijo”, diz.
Nos
últimos anos, a ciência se debruçou sobre o legítimo boca a boca e busca
enxergá-lo inclusive como um mecanismo de perpetuação da linhagem. O homem
prefere beijos molhados, por exemplo, porque tentaria lançar mais testosterona,
o hormônio do apetite sexual, no corpo da mulher, despertando seu desejo. Corre
uma hipótese de que o macho poderia até mesmo inferir a quantidade de
estrogênio na saliva da fêmea, indício de fertilidade e boa prole.
Também
se investiga como o beijo interfere no cérebro e proporciona bem-estar. Um
estudo da neurocientista Wendy Hill, do Lafayette College, nos Estados Unidos,
constata que o encontro bucal aumenta a produção de ocitocina, o mesmo hormônio
que instiga vínculos entre o bebê e a mãe. “O beijo aplaca o estresse e faz
liberar endorfinas, substâncias por trás da sensação de tranquilidade”, diz
Carmita.
Para
Mendes Júnior, as carícias entre os lábios são ainda um indicativo de uma vida
sexual saudável. “Quando um casal não se beija, a relação já não tem o mesmo
afeto”, afirma. Por outro lado, parceiros que investem em beijos mais calientes
têm maiores chances de garantir ou resgatar a qualidade do bem-bom. “Esse ato é
marcado por uma sensação erótica, já que as mucosas da boca são muito enervadas
e vascularizadas, só perdendo para os genitais”, explica. Dá para entender,
portanto, por que a troca de saliva estreita os laços e aumenta a autoestima
entre o casal. E você há de convir que não existe melhor presente para quem
quer ser eternamente namorado.
Fonte: Saúde é Vital
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